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COSANPA, VEJA ISTO

Fazia algum tempo desde que os moradores da Nina Ribeiro me procuraram para falar sobre um sério vazamento naquela rua. Anos. Daquela vez, demorou muito o atendimento. O filete de água tornou-se um córrego, obrigando a nossa empresa de água a isolar o trecho entre a Cipriano Santos e a Roso Danin para trabalhar na rede profunda de distribuição. O trânsito parou. Moradores ficaram dias sem poder usar a garagem. Depois, foi mais um tempão para que chegasse o asfalto e restaurasse tudo como antes.

Agora, o quadro começa a se repetir. Já faz semanas que moradores daquele trecho, à altura do número 280, têm reclamado em vão. No início, era só um filete, agora o solo afundou, abrindo uma pequena fonte. O precioso líquido esvai-se para o esgoto, enquanto atendentes da Cosanpa anunciam que de dentro de tantas horas o problema será resolvido. Por isto, mais uma vez, com o devido respeito aos administradores da empresa – que não devem saber disto, pois como disse FHC a Moro, “presidente não sabe de tudo” – peço que a Cosanpa faça uma visitinha no endereço acima e resolva logo, caso contrário, o trabalho pode ficar muito mais sério.

Bem, eu aproveito este gancho de hoje, para falar sobre um dos grandes problemas do Brasil que se chama falta de manutenção, seja preventiva, seja corretiva, esta com a urgência que o caso requer. O Brasil é muito pródigo com seus recursos. Além de uma grande fatia do orçamento público ser desviada para cofres particulares, ainda sofremos com gastos desnecessários.

O Brasil é um país onde a continuidade da administração pública ainda é conversa pra boi dormir. A vaidade partidária e a porfia pelo poder são em grande parte responsáveis por esse débito desnecessário do erário. Muda a bandeira partidária, e muitos governantes fazem pirraça com a administração anterior. Sem ter o olhar voltado para a população, alguns executivos do poder agem como o Estado Islâmico: querem é mais ver destruída a memória passada, não lhes importando o custo e o significado do que desprezam.

Os antigos já diziam que um desprezo vale mais do que uma saudade, eis a filosofia escolhida por determinados governos. Assim, não partem diretamente para o ataque com dinamites e picaretas. Não. Eles escolhem “matar no cansaço”. Abandonam importantes obras e serviços, não querendo que o antigo faraó retorne ao trono. Até lá, literalmente, caiam por terra as obras anteriores, salvo se puderem concluir ou, pelo menos, inaugurar o que o outro fez. Falando nisto, gostaria de saber onde estão as peças de escultura do largo do mercado de São Brás, removidas “para restauro”. Alguém sabe? Alguém viu?

A regra parece ser abandonar tudo o que não dê voto. É assim que prédios públicos deterioram-se ao passar do tempo quando poderiam estar em melhores condições, bastasse uma manutenção preventiva habitual e uma correção rápida em outros pontos. Porque não agem sempre assim, o governo gasta muito esperando que prédios, por exemplo, tornem-se inabitáveis para só assim partir para a reforma. E que reforma! Sempre que leio as placas de obras públicas eu fico em choque. Muito dinheiro! Eu penso na questão da transparência e da publicidade, porém, concluo que existem algumas placas que são verdadeiras declarações de mais-valia em preços e licitações. Mas deixa assim, pelo menos sabemos o custo.

A qualidade das reformas é algo que deixa a desejar bastante. Agora, com a onda da split, a estética e a conservação está cada vez mais feia. Quando usávamos ar-condicionado de janela, sabíamos canalizar o duto de condensação. Agora, depois da instalação da modernidade, quase sempre fica exposta uma múmia magrinha de fios e canos retorcidos, que também não tem lugar apropriado para o despejo. Aí, fica horrível e estraga logo pintura e tudo mais. Afinal de contas, por que os prédios públicos não usam calhas para esconder o caminho entre a unidade evaporadora e o condensador? Por que não se projeta a canalização dessas águas nas reformas de escolas, hospitais e outros prédios antigos?

Bem, acreditemos que as coisas vão melhorar, e lutemos por isso. Eu creio, por isso peço à nossa importantíssima companhia de água e saneamento que passe de novo na Nina Ribeiro, quanto antes, melhor. É isto por hoje. Boa terça!

Rui Raiol é escritor (Site: www.ruiraiol.com.br)

Publicado no jornal O Liberal em 14 de fevereiro de 2017