Era de se esperar que a morte de Fidel Castro representasse a liberdade de Cuba, infelizmente, não foi assim. Fidel partiu, mas, deixou Raul.

         Fidel Castro é um verdadeiro símbolo do tipo de governo que tem afligido a América Latina. Somos um solo fértil ao nascimento de ditaduras, sejam manifestas, sejam travestidas de democracia. Ficamos estupefatos com a audácia de sujeitos que se autoproclamam salvadores da pátria ao longo do território latino-americano.

        De ponta a ponta, este trecho da América tem convivido com a desgraça da opressão política. De repente, de modo covarde, valendo-se das Forças Armadas, alguém usurpa o poder e oprime o povo. Foi assim no Chile de Pinochet e na Venezuela de Chávez.

      O Brasil que aplaudiu Fidel, aplaude a mesma desgraça. Em nome de amizades pessoais, declara-se Fidel quase um santo. Santo nada! Não são poucos os mortos de Havana. Não são poucos os deportados indiretamente por não concordarem com o regime. Não são poucos os que não têm nada depois da nefasta revolução sei lá das quantas!

       Nosso país sempre foi um reduto de gente disposta a apoiar o que não presta. Somos uma nação igualmente governada e legislada em grande parte por ditadores. Oligarquias. Não sei se Fidel Castro acumulou riquezas. Se não, eis aqui uma virtude relativa. Mas, no Brasil, o que temos é um sistema político que se apropria dos recursos públicos.

      O que acontece com o Brasil é a mesma desgraça que governou e governa Cuba com mão de ferro. O povo latino-americano é refém de meia dúzia de oportunistas, capazes de tudo para se dar bem. Francamente, eu não acredito mais em trabalho parlamentar, salvo raríssimas e raríssimas exceções. Estamos no mesmo barco de Cuba. Podemos naufragar. Somos sobreviventes neste mar infestado de tubarões políticos. Eles devoram quase todos os nossos recursos. Vivemos do resto, da sobra, da rapina.

        Vivemos uma democracia de fachada. Ilusão. Gastamos milhões para eleger as mesmas figurinhas. Ainda aqueles, de cara nova, já chegam contaminados. Lamentável. Lamentável. Lamentável. Não há esperança para o Brasil. Não há esperança em menos de um século. Para que houvesse uma mudança, necessário seria educar o povo. Mas onde você já viu Ali Babá revelar a senha de seu bunker? Por que instruir a Nação? Por que formar consciência? Veem o Maranhão? Estado paupérrimo à enésima potência.                                               

                           Diabos na democracia, eis a grande necessidade de discernimento nas eleições deste ano. Eles vêm travestidos de anjos de luz, são capazes de jurar sobre a Bíblia diante do povo que são honestos e bons. Não estranhem: o próprio Diabo é aclamado deus no satanismo, não há de novo nisso. É você e eu quem tem a perspicácia capaz de ver quem é quem. Cuidado! O Diabo usa sapatinhos de lã.

Rui Raiol é escritor

Publicado no jornal O Liberal em 2/8/2022

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