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Autoritarismo na América Latina

O processo de colonização do sul da América tem gerado sistemas políticos que remontam aos caprichos dos impérios da antiguidade. Inicialmente a luta e o discurso dos agentes latinos eram pela desocupação do continente das mãos dos europeus e dos EUA. E desde aquela remota era têm surgido aproveitadores políticos. Simon Bolívar considerado o libertador da América  meridional, que lutou pela emancipaçao do que hoje é a Venezuela Colômbia e Equador,  cheio de ideais humanitários e observador da natureza, revelou-se no fim de sua carreira um homem egocêntrico e faminto de poder.Na América Central, contemporâneo de muitos que ainda vivem, Fidel Castro levantou-se para libertar Cuba.  Porém desde logo, sentindo o gosto do poder, morreu sem se afastar dele jamais, deixando uma nação destroçada para o seu partido único, um país atrasado economicamente décadas do resto do mundo ocidental .Bem pertinho historicamente da gente, temos Chile, Venezuela e Bolívia. Estas duas últimas, sobretudo a primeira,  países miseráveis governados por uma ideologia arrogante e hipócrita, que insiste em pregar contra o resto do mundo e culpá-lo pelas mazelas que seus próprios governantes produziram e insistem em produzir.Todos os regimes autoritários surgem no cenário como o messias político. Eles aparecem como o liberdador, o redentor, o único ser – quase divino – que nasceu entre nós para nos libertar de sistemas opressores. Caracterizam-se tais regimes e pessoas pela dificuldade em compreender a diversidade da raça humana, a diferença entre cada um de nós, haja vista que não somos cópias, porém, pessoas individuais com valores e atributos próprios, tendo a liberdade de crença e de consciência, de ir e vir, de concordar e discordar, de fazer escolhas. Tais governantes tentam ser superiores ao próprio Deus no tocante à vontade de “salvar” o povo, posto que a Divindade tolera o livre-arbítrio de cada criatura, para os que assim pensam, sofrendo Deus pela má escolha, mas tratando cada qual com respeito, amor, paciência e tolerância até o fim.A imprensa é sempre “inimiga” de regimes e governos autoritários, haja vista que aos olhos de quem assim governa existe uma única verdade, a verdade que eles próprios pregam. De repente, a imprensa é nociva, está a serviço dos inimigos etc. e tal. Ora, guardadas as devidas proporções, a imprensa também é uma amostragem da população, não constituindo uma massa extra-pátria. Não é verdade que toda a imprensa trabalha contra um governo que acabou de se instalar, a menos que esse governo se revele um monstro.Lembro das aulas na faculdade. Convivi com a esquerda muito fortalecida, quando ainda a URSS formava um bloco de quinze países. Lembro que certo professor de Sociologia me deu nota mínima porque ousei contrapor a revolução de 1917. Mesmo em cursos classificados como “reacionários”, a exemplo do Direito, existem alunos e professores que pensam pelo viés mais esquerdista. Ao passo que outros, meu exemplo, ousassem discordar de Lenin quando o muro de Berlim ainda era uma fortaleza inexpugnável.Todos os governos autoritários querem reeleição. Eles reclamam muito do que fazem, mas não largam o osso. Querem dois mandatos, três, quatro, poder a perder de vista. É impossível que apenas uma pessoa esteja certa entre duzentos milhões de cidadãos. É impossível que todos os agentes políticos do Congresso, bem como o Judiciário e o Ministério Público, de uma só vez, estejam errados. Foi assim na Venezuela, Bolívia, Cuba. Veja que isto não é questão de direita nem de esquerda, é atemporal, tem a ver com o mesmo esspírito dos faraós, césares, Nabudonosor, Ciro e Pinochet.
Publicado no jornal O Liberal em 21/01/20
Rui Raiol é escritor
Site: www.ruiraiol.com.br